Evento termina nesta quarta, 29 de março; serão cinco sessões que trazem um recorte da produção contemporânea autoral

 O último dia da Mostra Tiradentes | SP reserva um dia especial para o público. Serão exibidas cinco produções, encerrando assim a quinta edição deste evento que tem como premissa contribuir para a difusão do audiovisual brasileiro e fortalecer o cinema autoral, ao levar ao público um recorte da produção nacional e propondo um aprofundamento do diálogo sobre as possibilidades políticas e estéticas contemporâneas.

 A programação desta quarta, 29 de março, tem início às 15h, com a Retrospectiva Helena Ignez, que traz o clássico “A mulher de todos”, de Rogério Sganzerla.

 Três filmes integram a Mostra Cinema em Reação no dia de hoje: a pré-estreia de Modo de produção”, de Dea Ferraz, às 17h30; “Procura-se Irenice”, curta vencedor da 20ª Mostra Tiradentes pelo Júri Popular, de Marco Escrivão e Thiago B. Mendonça, às 21h; e a pré-estreia nacional de “Guarnieri”, de Francisco Guarnieri, na sequência.

 A sessão das 19h será dedicada à Mostra Aurora e traz “Histórias que nosso cinema (não) contava”, de Fernanda Pessoa, com debate entre a diretora e a curadora Lila Foster logo após a sessão. As sessões terão ingressos a preços populares: R$ 3,50 para associados Sesc (portadores da credencial plena), R$ 6 (meia-entrada) e R$ 12 (inteira).

 DEBATE REFORÇA A IMPORTÂNCIA DA TEMÁTICA

Os filmes desta edição, tão marcados pela crítica e reflexão política e social, foram tema principal do debate “Cinema em Reação, Cinema em Reinvenção”, realizado pela Mostra Tiradentes | SP nesta terça-feira, 28 de abril. O tema que norteou a edição mineira do evento, em janeiro, voltou à tona na capital paulista, refletindo a reação do cinema e sua reinvenção para colocar na tela questões como o feminismo, a cultura do estupro, o movimento sem-terra e outras questões inquietantes.  

 Participaram do debate, realizado no hall do CineSesc, local de exibição da Mostra, o curador, professor e crítico de cinema Cleber Eduardo (SP), a curadora e pesquisadora Lila Foster (SP) e a jornalista e crítica de cinema Flávia Guerra (SP).

 “A Mostra Tiradentes traz um cinema que nos inquieta, que nos desafia, nos incomoda muitas vezes, mas não nos deixa indiferentes. Essa é uma característica muito importante em Tiradentes. Essa reação do cinema ao mundo deve ser inquietante”, pontuou Flávia Guerra.

 Para Cleber Eduardo, a reinvenção no cinema precisa ser constante, e ela depende de cada realizador na maneira que ele reage aos seus estímulos. “Thiago Mata Machado pontuou, no debate em Tiradentes, que o cinema brasileiro é sempre ultrapassado pelas mudanças sociais, estamos sempre correndo atrás, não conseguimos correr ao lado e nem a frente, ou seja, a ideia de esperar as coisas acontecerem e ir lá representar. Teremos uma série de filmes de impeachment nos próximos meses, mas e aí? No cinema é preciso provocar e não ir atrás delas”, acredita.

 “O medo é muito do tempo presente, que é esse paradoxo do lugar de fala. A gente precisa falar das minorias e das questões sociais, mas quando se propõe a isso, o tempo todo esse lugar de afirmação é minado, e isso cria um certo paradoxo do lugar de fala, uma dificuldade de afirmação sobre o mundo. Esses filmes que estavam respondendo ao tempo presente talvez não tragam contribuições tão contraditórias”, afirma a curadora Lila Foster.